Lesões e Segurança no Cheerleading - Artigo Científico traduzido

 




ATENÇÃO: O CONTEÚDO A SEGUIR É COMPLETAMENTE TRADUZIDO DO ARTIGO "Cheerleading Injuries and Safety", de Frederick O.Muller, PhD. 
O LINK PARA O ARTIGO ORIGINAL ESTÁ AO FINAL DO POST.
O OBJETIVO DESTE POST É APENAS FACILITAR O ACESSO À INFORMAÇÃO PARA ATLETAS E COACHES QUE NÃO DOMINAM O IDIOMA ORIGINAL DO ARTIGO. 



Cheerleading Injuries and Safety 
- Frederick O. Muller, PhD

O NCCSIR (Centro Nacional de Pesquisa de Lesões Catastróficas no Esporte) iniciou um sistema de coleta de dados de lesões catastróficas a nível nacional (dos EUA) para esportes nível colegial e universitário, durante o ano escolar de 1982-83. Cheerleading não estava incluso oficialmente, até que dois atletas universitários sofreram sérias lesões na cabeça durante o primeiro ano de coleta de dados. Desde então, cheerleading universitário foi associado a 31 lesões catastróficas, e cheerleading escolas, a 73. O cheerleading universitário contabilizou 70.5% de todas as lesões catastróficas no esporte sofridas por mulheres, e o escolar por 65,2% de todas as lesões catastróficas sofridas por meninas no ensino médio. Sem sombra de dúvida, cheerleading é o esporte mais perigoso praticado por mulheres, quando olhamos os números de lesões catastróficas.

Em 1980, o CPSC nos EUA reportou uma estimativa de 4954 entradas na emergência de hospitais causadas pelo cheerleading. Em 2007, o número foi de 26,786, com lesões na cabeça e pescoço contabilizando 15,1% dessas entradas. Quase todos (98%) dos pacientes com lesões foram tratados e liberados, mas em 2007, 221 cheerleaders foram hospitalizados, 217 foram transferidos para outros hospitais, e 64 foram admitidos para observação. É importante apontar que a coleta de dados para lesões no cheerleading é muito recente, enquanto coleta de dados para futebol existe há mais de 100 anos. Mulheres também têm participado em esportes competitivos por anos, mas apenas depois de 1972, com o Title IX, a participação feminina em esportes cresceu dramaticamente. Com este crescimento, aumentaram as lesões, tanto menores como catastróficas.

Os 4 artigos sobre lesões no cheerleading no JAT (Jornal de treinamento de atletas), que usa métodos de coleta de dados epidemiológicos, são um ótimo começo para melhor entender os dados de lesões no cheerleading, mas com apenas 1 ano de dados, fazer recomendações confiáveis sobre segurança é difícil. Destes artigos, o mais interessante envolve potenciais lesões cerebrais e superfícies selecionadas. Quando uma cheerleader é arremessada a 7 metros de altura, por atletas sobr eum chão de madeira, um acidente está esperando para acontecer. Mais pesquisa nessa área é definitivamente necessária.

Então porque houve um dramático aumento no número de lesões, incluindo catastróficas, no cheerleading nos últimos 25 anos
? A resposta é simples: Tudo que temos que fazer é comparar o cheerleading dos anos 60 com cheerleading em 2009. Em 1960, cheerleaders estavam balançando pompons, e a única elevação performada era um curto salto. O principal propósito era fazer a plateia torcer para o time, por isso o nome “cheerleader”. Coaches de cheerleading nos anos 60 eram ex-cheerleaders, mas não era exigido terem alguma experiência ou certificado porque segurança não era um problema. Em 2009, cheerleading é uma atividade de ginástica, e porque continua sendo chamado “cheerleading” não é muito claro. É um esporte competitivo, que envolve todo tipo de elevações, pirâmides e arremessos. Os treinadores não estavam acompanhando as mudanças no cheerleading, mas programas e cursos com certificado ficaram disponíveis nos últimos 10 anos. Em muitos casos, questões de segurança está diretamente associada com treinadores que não estão qualificados para ensinar habilidades que cheerleaders precisam. Associações de cheerleading também não acompanharam as necessidades de segurança do esporte. Se não fosse pela coleta de dados sobre as lesões catastróficas ter começado em 1982, a segurança ainda não seria uma prioridade. A lição aprendida em dados de lesão no futebol também pode ser aplicada no cheerleading: lesões podem não ser totalmente eliminadas, mas com sistemas confiáveis de coleta de dados, constante análise destes dados e desenvolvimento e disseminação de estratégias efetivas de prevenção de lesões, estas podem ser dramaticamente reduzidas.

Não há dúvidas de que as lesões no cheerleading podem ser reduzidas se as organizações que controlam o cheerleading tomarem um papel ativo na segurança. Uma nova organização no cheerleading que está tendo ótimos resultados em promover a segurança no cheer é a National Cheer Safety Foundation, fundada por Kimberly Archie.  A fundação é dedicada a levantar os padrões de cuidado na segurança no cheer, a fim de prevenir e reduzir lesões, sequelas, e morte de cheerleaders. A NCSF se juntou à US Sports Academy para criar um programa de educação sobre o cheerleading, para treinadores, atletas, administradores e entusiastas. O programa foi desenvolvido por um painel de especialistas, para preparar indivíduos para os desafios de lidar com os riscos no cheerleading moderno.

Em um artigo no Jornal Americano de medicina no Esporte, Barry Boden descobriu que dos stunts mais comuns na época de 29 lesões catastróficas no cheerleading, 9 eram pirâmides, e 8 envolviam baskets. Sobre as 29 lesões catastróficas, 17 foram lesões graves na cabeça, resultando em 13 fraturas no crânio e 2 mortes, e 8 eram fraturas na coluna cervical. Para reduzir lesões no cheerleading, Boden sugeriu melhor treinamento dos spotters, obrigatoriedade de tatames para stunts complexos, proibição de stunts complexos em superfícies molhadas e OBRIGATORIEDADE de exigência de certificado para coaches. Participação em pirâmides e baskets deveriam ser limitados a cheerleaders experientes, que já dominam com maestria todas as outras habilidades e somente devem ser executados com spotters treinados.

A recomendação do autor para segurança no cheerleading e redução de lesões catastróficas e outras lesões é a de reconhecer cheerleading como esporte*, pois assim estaria sujeito à regulamentação, coaches preparados e associações esportivas oficiais.

***Reconhecimento que foi dado pelo Comitê Olímpico Internacional em 2006 (após a data de desenvolvimento do artigo).

Tradução por Bruna Pereira, do artigo disponível no link https://meridian.allenpress.com/jat/article-abstract/44/6/565/110929

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